sábado, abril 28, 2007

Escrita Orgânica

[O gato Sossõe, certa hora, entrava. Ele vinha sutil para o paiol, para a tulha, censeando os ratos, entrava com o jeito de que já estivesse se despedindo, sem bulir com o ar. Mas, daí, rodeando como quem não quer, o gato Sossõe principiava a se esfregar em Miguilim, depois deitava perto, se prazia de ser, com aquela ronqueirinha que era a alegria dele, e olhava, olhava, e grossava o ronco, os olhos de um verde tão menos vazio - era uma luz dentro de outra, dentro doutra, dentro outra, até não ter fim.]


Campo Geral, J. Guimarães Rosa.



Salve Guimarães! existe no mundo estilo igual?

2 comentários:

Anônimo disse...

Olha, se foi só pelo prazer da exposição, você conseguiu mais. Conseguiu aumentar aquela pitadinha de inveja (da boa, daquela que surge junto com a admiração) em quem te conhece já há algum tempo, mas que começou a ver quem é o "silas" há pouco. =)
beijo.

Sinayoma disse...

Nunca li nada inteiro do Guimarães por sei lá que motivo! Vai entrar na minha listinha das férias!

Algo sensacional é o "amálgama" personagem-espaço que ele compõem de forma tão harmoniosa. Um verdadeiro mestre. Sensacional esse trecho!