quarta-feira, maio 03, 2006

Auto-queixa n.2

Lembro-me de meu amigo narrando, preocupado que é com as coisas importantes e imperceptíveis da vida: " As pessoas que você vê nas ruas, pense bem, talvez seja a única, veja bem, a única-última vez que você as vê ". Confesso não ter dado muita importância a essa constatação de testa enrrugada e sobrancelhas piedosas. E até hoje talvez não me preocupe muito com isso -seria por demais penoso sofrer a perda de todos, todos os dias. Mas ocorre, sempre, ainda mais pelos ônibus de uma metrópole -e isso não é uma metáfora pensada- de encontrar alguém que se sente ao seu lado, que fique em pé ao seu lado, de olhos atentos a sua leitura. Alguém que você flagra te olhando - ou é flagrado olhando- pelos reflexos alternados do ônibus em movimento. O ônibus pára e por algum motivo -vergonha, receio, medo- você deixa alguém descer...

" Um sorriso que fosse não custaria nada, ""quer que eu carregue sua bolsa?"", """que horas são por favor?""", """"você sabe como faço pra descer no ponto em que eu desço todo dia?"""" "

Hoje não vi o pôr-do-sol. Não tem fotinha.

Nenhum comentário: